segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Certas vezes, preferiria eu, que me desse surras. Que em mim deixasse marcas que, por mais que eu quisesse esconder, as pessoas pudessem ver.
Preferiria tapas no lugar dessa tua ausência de palavras.
Só assim ninguém poderia insultar-me jovem, egoísta ou mimada cada vez que eu pensasse em reclamar uma lágrima não chorada.

1/2

Vou brincar com lápis de cor
E assim brincarei de compor
Inventarei a paz,
Pacificarei a prosa.
Minha, tua, nossa, vossa
Filha de magia, poesia.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A magia de Escher


Era um espaço mágico, fruto de uma visão mágica que possuía uma mágica perspectiva.
Todo essa magia fora posta em papel. Reprodução da mágica perspectiva.
Encantou matemáticos, arquitetos e artistas. Era novo, era ousado. De fato, mágico.
Era complexo, era visão de gênio.
Lá dentro, o grande ficara pequeno. As escadas não tinham fim. Os espaços, várias dimensões. Mágica de louco. Fazia dos mais estudiosos, tolos.
Mas, então, lhe entregaram os pontos. Como quem quer revelar segredo, explicaram todo o feito. Pena dos que o fizera, pois para todo aquele que observa atentamente, continua sendo mágica. Racional e muito bem pensada.

#Foto por Macel Blanco. Exposição "O Mundo Mágico de Escher" no espaço CCBB (2011. Rio de Janeiro - RJ)

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Minha vida, minhas histórias

Enquanto vivo imagino os belos textos enamoradores de jovem leitores que certos momentos poderiam dar.
Imagino o ritmo e linguagem das palavras, imagino o tom da narrativa. Chego a imaginar a reprodução de meus diálogos, que por vez se fazem ao pé da letra e por outras ao pé da memória, que não me é sempre de total certeza.
Imagino minha vida como livro, e me pego pensando se este lhes seria interessante.
Me perguntam onde andam meus olhos perdidos, e respondo que no absoluto nada. De fato, nada novo. Apenas o repetir do que acaba de acontecer. Bem literal, bem poético. Talvez seja tentativa de não esquecer.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Parte XXVIII - Juliana Lima

Parte XXVII em http://dricafernandes.tumblr.com/
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Palavras esperançosas, talvez digna da introdução ao ápice da história que, como é de praste, deveria ter final feliz. Mas me desculpe donzela, conheço tuas linhas. Mais que isso, tuas entrelinhas. Diz o que seria bonito de se dizer, mas não o que de fato diria. A verdade mais doída, e que se esconde por tantas vidas, é que ninguém gosta de procurar, entretanto, todos querem achar. Diga-se de passagem, serem achados.
Solidão cansa, disso eu sei. Rotina cansa, também é verdade. Procurar (ou pensar que está procurando) e não achar cansa, mas também dói.
Queremos todos, inclusos o que lhes negam, serem achados. Num dia qualquer, em qualquer lugar, abrir os olhos e sorrir pra grande salvação que para cada um cabe como se é preciso: amor, amigos, filhos; paixão por qualquer coisa.
O despertar de uma paixão, o reviver da alma, o secar das lágrimas, o sono sonhado entregue novamente. Não queremos procurar, temos sede de encontro.

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continua em dricafernandes.tumblr.com/

Releitura - O homem que entrou no cano

...Então esperou o fim do almoço e, por consequência, hora da louça ser lavada.
Abriu-se a torneira. O homem sob um prato caiu. A mulher de olhos arregalados se pôs, e então endagou:
- Que fazes em minha louça, pequeno homem?
- Apenas passeava pelos canos.
- O que te levou a isto?
- Curiosidade sobre o interno.
- Nunca vistes canos?
- Já os vira, mas nunca os havia escutado.
- E o que te disseram pequenino?
- Sob cada casa um discurso próprio. Ora culinária, ora brigas familiares. Vez filosofia, outrora astrologia.
- E o que aprendeu com esta aventura pequeno curioso?
- Que apesar da linguagem e costumes distintos, por dentro seus canos são os mesmos: Todos sujos, nenhum limpo.
- E quem limpa cano por dentro, homenzinho?
- Quem por eles anda, jovem senhora. Agora, me ajude a voltar para casa. Tenho canos a limpar.

#Releitura do último parágrafo do texto "O homem que entrou no cano" (Ignácio de Loyola Brandão)

Aos mais castanhos olhos em companhia dos mais negros cabelos.

Tuas palavras me encantam. Tua linguagem escrita me fascina. Tua dupla personalidade inconstante, agora vejo, também me enamoram. Tua falta de tamanho se compensa em palavras. Lidas, escritas, repassadas.
Escreves pra ti, e o mundo engolirá teu egoísmo de escritas somente tuas espalhando-as para o mundo.
Ah, tão doce, tão amarga, tão diária, tão imprevisível poetiza que não se assume como tal. Largue a modéstia, já sabes o que fazer de tua vida se todo o resto não lhe for dito.
Escreva, pequenina dos cabelos negros. Escreva sobre tudo o que não foi. Escreva sobre tudo o que ainda há de vir. Escreva incansavelmente. Escreva palavras, escreva imagens. Escreva.
Leia, se apaixone pelo inexistente. Sonhe, e escreva teus diálogos sonhados, que tanto sei, querias que fossem todos muito reais.
Descubra-se ao papel. Não desista do moço que não existe. Tampouco creia em sua inexistência. Escreva a ele, sonhe-o.
Escreva vida. Tua, dos que andam pelas ruas, de quem não conheces, de quem conheces. De quem te inspira, de quem assiste. Compartilhe-as. Com ninguém, com todos. Com o papel.
Apenas não pare, não pare de escrever.


#Não sejas burra de pensar que isto não foi pra ti. Pense bem. Quantas micro-marrentas bipolares eu conheço?