A luz quente do Sol estava sobre meu rosto me dando um certo conforto que não sentia a muito tempo... Olhei fixamente para a paisagem e reconheci o lugar... Era o Pico do Caparaó. Logo senti o frio cortante que vinha com o vento mas, aquele Sol que batia sobre mim que dava um conforto tão grande que o frio quase não encomodava. Olhei em volta a procura de cabelos ruivos esvoaçante, digo, a procura de Annie. Olhei para todo lado... Mas estava só. Me desesperei. Corri para todo lado gritando por Annie mas nada... Não a achava. Foi em tão que o meu querido e amado despertador me acordou. Levantei num susto tão grande que o Spock deu um pulo seguido de um latido como se dissesse:
- Hei! Fica frio cara! Assim você me mata do coração!
Olhei para ele e comecei a rir... Mas depois uma tristeza tão grande me invadiu... Cai na real de que por mais que procurasse Annie, ela só poderia estar viva nas minhas lembranças.
Levantei tentando não pensar nisso. Sentei para tomar meu café da manha e comecei a ler o jornal. Foi ai que olhei a data.
- Ok cara. Se controla. - Disse para eu mesmo entre leves respiradas para tentar manter o controle.
Era aniversário de 2 anos da morte de Annie. Se eu já tinha superado isso? Ééé... Não muito. Na verdade eu acho que ninguém supero um amor tão grande assim. Apenas tentamos fingir que tudo aquilo não passou de um incrivel sonho.
Desde a morte de Annie eu tenho que admitir que mudei um pouco. Alguns dizem que eu não sou mais o mesmo. Eu sou o mesmo. Só não estou afim de sair com os meus amigos. Existe algo de estranho nisso?
Eles querem é me arranjar uma namorada para ver se eu esqueço Annie. Como podem ser tão tolos?EU NUNCA VOU ESQUECE-LA.Dav diz que eu devia sair com eles para me divertir... Mas quando o sentido de diversão pra eles é alcool e mulheres isso não me atrai muito. Não que mulheres não me atraiam. Não me entendam mal... Só não quero me envolver. Não agora.
- Que susto Dav! Você não sabe bater na porta... Ou simplesmente tocar a campainha não? A chave que eu te dei é pra EMERGENCIAS!!
- Quando meu irmão se enfia numa foça sem fim e não pensa quando sair dela... Isso pra mim é emergencia.
- Muito engraçado Dav. haha
- Eu sei. Sou hilario não? - Disse ele com um sorriso bisarro no rosto.
- Agora sério cara. Eu sei que hoje não é um dos seus melhores dias.
- É meu irmão... Dois anos... E parece que foi ontem...
- Mas nada de desanimo. Você não pode ficar ai se lamentando a sua vida toda.
- E não fico!
- Não Rick? Quando foi a ultima vez que vc saiu pra algum lugar que não fosse trabalho ou casa?
- Que isso! Eu sempre saio com o Spock para passear.
- Realmente... Um passeio com bulldog é a melhor ideia de diversão do mundo. Sem querer ofender Spock. - Spock fez uma cara de quem entendia tudo aquilo... Era engraçado.
- Agora é hora do trabalho e... Eu queria dar uma passada no cemiterio antes de ir. Eu to sem carro até semana que vem... Mas também não quero ficar te alugando. Se você não se encomodar...
- Que isso cara. Você é meu irmão. Não é incomodo algum. Bora então pra gente não chegar atrasado. De acordo com o nosso querido e estimado chefe, Fernandinando, teremos uma "surpresinha" hoje.
- Tenho até medo dessas surpresas dele.
- Eu também Rick. - Disse Dav rindo. - Mas vamos.
Só de olhar pra um cemitério me sentia mal. Comprei umas tulipas roxas pra levar ao túmulo.
- Você é muito engraçado. Quando eu disse que ia comprar flores roxas purpuras você não gostou. - Disse Dav com um sorriso na cara de quem queria quebrar o clima chata.
- Muito engraçado Dav. Mas a situação era outra. Ela curtia tulipas. Mas rosas vermelhas são rosas vermelhas.
- Você quer que eu vá com você?
- Não sei. Você quer vir?
- Eu perguntei primeiro Rick.
- Então vem.
Chegamos ao tumulo de Annie. Era tudo tão quieto. O unico barulho existente ali era o som do vente balançando as arvores. Senti um vento cortante passando por mim.
- Dav... Prossiga com as palavras.
- Pensei que isso era seu papel Rick. - Olhei pra ele com uma cara que ele obedeceu rapidinho.
- Ok... É Annie. Dois anos sem você. Você era uma chata de galocha mas todo nós te amavamos. Você era chata MESMO. Brincadeira. Você era uma pessoa muito especial pra mim e principalmente pro meu irmão. Sentimos e sentiremos saudades. Pronto Rick...
- Só... te amo. Pra sempre.
- Você não acha que sempre é muito tempo quando falamos de alguém que...
- Não é não Dav.
- Rick... Você realmente não pensa em prosseguir com outra pessoa?
- Aqui não é lugar pra descutirmos isso.
- E você sempre fugindo.
- Dav... Depois. - Coloquei as flores sobre o tumulo e sai andando. Dav adiantou o passo pra me acompanhar.
- Rick. Falo sério. Já fazem dois anos! Annie não iria querer te ver assim. Sozinho.
- Você não sabe nada sobre Annie!
- Ela também era minha amiga Rick! Eu cresci com ela! Eu a conhecia tanto quanto você. E você sabe disso. Você não foi o unico que teve uma perda aqui não. A diferença é que você é o unico que parece ter se enterrado junto com ela. - Dav dizia com um tom de repreensão apontando para o tumulo.
Não disse nada em resposta. Fechei a cara e não olhei pra ele.
- Você pode crescer o quanto for... Mas continua agindo como uma criança!
- Para com isso Dav! Você não precisa se importar tanto com isso!
- Claro que preciso Rick! Somos nós dois! Sempre! Você é meu irmão! Quantas vezes vou ter que repetir isso? IRMÃO! Eu me importo sim com você e não vou deixar de me importar nunca! Eu não aguento ver você se prendendo a um passado que não vai voltar mais! Ela morreu! Me desculpe se você ainda não quer enxergar isso. Mas ela morreu. Você não vive mais. Não ri. Não brinca. Parece que você se foi junto com ela.
- Não é assim Dav... Você sabe que é dificil.
- Nem mesmo você sabe se é dificil ou não. Você nem se quer tentou... - Dav saiu andando e entrou no carro.
Fomos seguindo num completo silencio até o estacionamente da empresa.
- Dav... Me perdoa. - Disse com a voz meio embaraçada.
- Que isso Rick... Eu não tenho que te perdoar. Você que tem que passar a viver. Isso vai te matar se você continuar assim Rick. Sério.
- Eu vou tentar. Juro.
- Espero que você realmente faça isso. Não por mim ou por mais ninguém. Mas por você.
