quinta-feira, 18 de março de 2010

Para cada fim um recomeço

Abri os olhos, olhei pra janela e notei a pequenina faixa de luz que entrava. Não tinha nada de mais. Era apenas luz. Mas aquilo me chamou atenção. Observei as diferentes tonalidades de luz que vinham atravez das cortinas... Seu percursso pelo chão até chegar a berada da cama. Não sei o que realmente foi aquilo, nem quero imaginar, mas para mim era o Sol me dando boas-vindas e quase podia ouvi-lo dizer "É bom tê-lo de volta".
Está bem que conversar com o Sol não é lá grandes coisas mas eu o fiz. Pensei sobre a vida e suas escolhas. Como podemos escolher ir para cima ou para baixo sem ao menos notar. Levantei-me. Abri as cortinas e senti aquele calor saudavel do Sol pela manhã. Incrivelmente simples. Incrivelmente prazeroso. O dia estava com uma cara diferente. Eu estava diferente. Essa era a verdade.
Chegando à empresa dei bom dia como de costume mas com um pouco a mais de entusiasmo, eu assumo. Quase posso afirmar que vi os olhos de minha secretária saltando ao ouvir o "meu bom dia" entuasmado. Estava a mil sorrisos e acredito que as pessoas tenham estranhado sim... Sei lá o que falavam de mim. É que nos ultimos tempos eu andava triste, mas eu tinha uma promessa a cumprir e nao iria deixar de fazê-la.
- Bom dia! - Comprimentei cordialmente a jovem de cabelos marrons, muito elegante no elevador. Ela foi a unica que pareceu se sentir bem com o meu entusiasmo.
- Bom dia. - Disse ela usando uma classe que vinha rodeada de misterio que nunca havia notado antes. Ou apenas ela simplesmente disse bom dia. Pode ser tudo coisa da minha cabeça. Deve ser na realidade.
- Você é nova na empresa... Estou certo? É que trabalho aqui a anos e nunca a vi...
- Sim. Na verdade hoje é meu primeiro dia. - Disse ela sem desbotar seu encantador sorriso do rosto em momento algum.
- Seja bem-vinda. - Disse eu com uma certa cara de bobo eu imagino.
- Ow! Aqui que eu vou. - Disse ela e saiu do elevador sorrindo. Quase esqueci que era o meu andar também e quando a porta já ia fechando que eu consegui passar. Notei ela olhar para trás com uma certa desconfiança. Devia estar pensando que eu era algum louco da empresa. Acho que minha nova personalidade "simpática" a assustou. Mas eu tinha que ir pra reunião.
Cheguei com o meu mais novo melhor amigo, o sorriso. As pessoas estranhavam minha felicidade mas no fundo eu sei que estavam gostando. Sentei-me. Estava com a minha cabeça á mil por hora sem pensar em exatamente nada... Se é que isso é possivel...
- Nossa. Você. - Disse a elegante jovem de cabelos marrons do elevador.
- Sim. Eu. - Ficou aquela pausa chata no ar quando ninguém tem o que falar.
- Ah! Que indelicadeza a minha. Não me apresentei ainda. Me desculpe. Richard Mendez. Prazer.
- Ow! Anna. Anna Lopez. O prazer é reciproco. A reunião vai começar. - Disse ela enquanto se arrumava na cadeira.

- Bom dia meus jovens. Disse o tio George cheio de si. Verdade! Esqueci de contar a vocês esse detalhe. Tio George é o presidente da empresa onde trabalho com Dav. Na verdade é um negocio de familia. Meus avós são os donos de verdade e papai e tio George trabalhavam para um dia assumirem juntos a empresa, mas como papai veio a falecer o tio George assumiu a empresa com mãos de ferro. Mas o discursso dele continuou. Então...
- Convoquei os senhores aqui hoje pois estamos na disputa para fechar um super contrato com o governo federal. Eles selecionaram 10 empresas e dessas 10 foram peneirando até que sobrasse duas. A M.Reklame, nós, e uma outra empresa. Estamos na disputa para um contrato milhonário. E para um trabalho desse porte exigeremos extremo comprometimento das equipes e para algo desse porte fizemos uma nova contratação. Ela se chama Anna Lopez e vai comandar os grupos para esse novo trabalho. - Aplaudiram Anna que sorridentemente se levantou e depois sentou-se novamente. Por hora vocês estão liberados mas, depois do almoço, faremos outro reunião. Até mais ver.
Tio George chegou até Anna e a comprimentou:
- É de fato um imenso prazer tê-la conosco!
- Igualmente. - Disse Anna com seu sorriso que nunca murchava.
- Está gostando? - Perguntou tio George.
- Na verdade ainda não tive a oportunidade de conhecer a empresa. Vim direto para reunião.
- Ora! Assim que se instalar devidamente pedirei a alguem que lhe acompanhe para conhecer toda a empresa.
- Será um prazer.
- Anna. Deixe-me lhe apresentar meu sobrinho mais novo Richard.
- Richard Mendez... Como não liguei os fatos? - Disse Anna baixinho.
- Disse algo? - Perguntou tio George.
- Não. Na verdade já tive o prazer de conhecer seu simpatico sobrinho no elevador logo que cheguei.
- Espero que ele tenha lhe passado uma boa empressão num contexto geral. Afinal, ele foi a sua primeira impressao da empresa e a primeira é a que fica. Pelo menos é o que dizem por ai.
- Também espero tio. - Disse eu cortando meu tio. Tinha certeza que se não falasse nada meu tio nunca mais iria parar de tagarelar.
- Já tem companhia para almoçar? - Perguntou tio George.
- Não. Na verdade não conheço muito coisa no Rio.
- Então acredito que será um prazer para o Richard levá-la para almoçar. - Devo admitir que levei um susto com o pedido do meu tio... Mas não fazia mal.
- Se Anna não se encomodar, é claro, "né" tio? - Disse eu.
- Está bem. Vamos então - Disse Anna... Mas acredito que ela estivesse um pouco encabulada.
Ela pegou sua bolsa e eu minha pasta. Fomos saindo. Meu tio nos olhou com o sorriso "de quem vai aprontar" que me deu medo. Mas mesmo assim fui com Anna.